Faleceu no ultimo dia 19 (julho de 2019) o ator Rutger Hauer. Nascido em 23 de janeiro de 1944, Hauer completava mais de 50 anos de carreira como ator. Filho de pais professores de teatro, o ator holandês estreou na televisão em 1969, numa serie dirigida por Paul Verhoeven, depois no cinema em 73 novamente sob a batuta de Verhoeven em "Turkish Delight" (Louca Paixão). Filme indicado ao Oscar de Melhor filme Estrangeiro.
Chegou no cinema americano junto a Sylvester Stallone em "Nighthawks" (Falcões da Noite). E dai por diante, se tornou um daqueles atores que marcam época, no caso dele as décadas de 80/90. Embora, claro sua carreira tenha se estendido pelos anos seguintes, foi nesse período que ele teve (ao menos para mim) seus trabalhos mais memoráveis: "Conquista Sangrenta", "A Morte Pede Carona", "Exterminador Implacável", "Aliança Mortal", "O Destruidor", "Buffy, A Caça Vampiros (filme original), "Alerta Vermelho", além de outros.
Mas, os filmes que me fizeram esse cara ser tão marcante para mim são "O Feitiço de Áquila", obra de Richard Donner, com Michelle Pfeiffer e Matthew Broderick, onde ele interpreta Etienne Navarre, um cavaleiro de armadura negra que cavalga seu cavalo negro (e tem um lobo negro também). Me foi muito marcante quando criança esse personagem (muitas vezes me imaginava usando aquela espada longa e sua besta de dois tiros matando inimigos numa era medieval).
E o outro filme é claro, Blade Runner, onde ele interpreta o androide Roy Batty. Acho que não preciso dizer muito sobre esse filme aqui. Já foi tema de duas postagens minhas onde eu acho que falei até demais...hehehe.
É engraçado para mim pensar em Hauer. Nunca foi uma grande estrela aos meu olhos, mas, ao refletir sobre sua obra, percebo que ela foi mais importante na minha vida do que imaginava. Carrego até hoje a influencia de O Feitiço de Áquila (sempre que imagino um lobo para alguma historia ou ilustração, é aquele lobo que me vem primeiro a cabeça).
Uma pena o seu falecimento. Mas curiosamente, ele veio a falecer justamente no mesmo ano que seu personagem em Blade Runner: 2019.
Que descanse em paz.
"E todos os seus momentos se perderam no tempo como lagrimas na chuva...
Já escrevi aqui outras ocasiões que meu filho de vez em quando aponta uma escolha inusitada e interessante de filme ou série. E hoje trago outra dessas dicas.
Chegou ele um dia nos enchendo o saco para assistir até que sentamos para ver. Era uma serie de animação japonesa (é anime que chama? hehehe) e posso dizer que, ele teve bons motivos para nos perturbar.
Sword Art Online vira e mexe aparecia para mim no catalogo no Netflix porém nunca dei muita bola, mas logo nos primeiros episódios você se sente meio tentado a maratonar... hehehe
Se você curte aqueles animes com muitas lutas épicas, destruições monumentais e batalhas exaustivas que duram uma temporada... acho que Sword Art Online, não é para você. SAO é uma série focada nos relacionamentos, escolhas e reflexões pessoais; é para aquelas pessoas com gosto por estórias românticas com baixa taxa de glicose. Nada muito açucarada, nada excessivamente melado.
Mas não que não tenha romance. E comédia. E ação. E batalhas. E mais comédia; mais romance; mais batalhas; e uma pitada de erotismo que é para apimentar as coisas (seja para bem ou para mal).
SAO é uma historia que se passa num jogo virtual online, que é o pano de fundo para criar as situações complexas em que os personagens se encontram. Além de criar tramas e subtramas que se amarram e se soltam no desenvolver da estória. Se você é daqueles que não gostam de coisas "sem sentido" ou "mal explicadas", esqueça um pouco isso e embarque na ideia. No final tudo se encaixa (ou quase tudo...hehehe). Aproveite para refletir sobre os perigos da tecnologia de entretenimento e nas situações inusitadas que isso cria para eles. Reflita até sobre si mesmo.
Uma série perfeita para tirar aquele(a) namorado(a) gamer que não larga o jogo "que não dá para dar pausa" da frente dos controles um pouco e para você que não é gamer ingressar um pouco nesse mundo de jogos online ( só preparar a pipoca e curtir a companhia)
Serie despretensiosa mas muito recomendada pelo blog (eu já vi as duas primeiras temporadas e partindo para SAO II).
Lembro que quando comecei a buscar sobre musica eletrônica para conhecer melhor, um dos estilos mais estranhos, mais incompreensíveis que tinha ouvido falar era EBM - Aka "Eletronic Body Music".
Pois é, o nome já é uma coisa meio louca e pretensiosa. Uma mistura de synthpop com o industrial, e claro, de origem alemã.
A primeira banda a usar o termo e que detém também o pioneirismo no estilo é a Front 242. De modo que lá fui eu buscar sobre o trabalho deles e conhecer esse lance de "É-BÊ-ÊME".
Que som difícil. Difícil de digerir. De compreender, de entender "qual é o lance". Pior do que Gênesis (nos primórdios) para quem nunca ouviu rock progressivo.
Eu não entendia absolutamente nada daquilo. Por mais que conhecesse outros estilos originados desse e que eu até curtisse, EBM era uma coisa estranha demais para mim. Até que...
Eu ouvi ESSA música. E pela primeira vez eu saquei a coisa.
Ebm é mais do que apenas uma mistura de estilos; é mais do que mais um estilo de musica eletrônica; é mais do que "musica eletrônica corporal" (foi a tradução mais ridícula que eu pude inventar). EBM é experimentalismo. É liberdade para usar e ousar de beats e samples, herdado do industrial, porém (mas nem sempre) voltado para as pistas. Vide que até hoje é usado como propaganda para auto promoção (vide o VNV Nation e seu Futurepop. Que vocês podem dar uma conferidazinha aqui)
E já adianto logo: EBM não é para todos os gostos. Somente para aqueles que possuem um refinamento para o experimentalismo eletrônico e uma quedinha pelas pistas mais góticas.
😉
Until Death Now you have me Now i'm there Now i have you Now you care Now i got you Now you care Now you have me and Now i'm there Now we're tied until death us do part Now i'm making my way inside Now i'm feeding myself with you And the more i grow, the more you decline Now we're tied until death us do part L-o-c-k L-o-c-k-space-t-h-e-space-d-o-o-r-space F-o-r-e-v-e-r Now it's time for you to be sure That the life we share will be long That what can't be cured has to be endured Now we're tied until death us do part L-o-c-k
Já deixo claro a possíveis jogadores que vieram por engano: Não é um post sobre dicas de jogo, mas deixarei links (tá laaaaa em baixo no final do post) de onde eu pego as minhas para você não sair daqui de mãos vazias, ok?
Então vamos lá.
Syd Field em seu livro "Manual do Roteiro" diz que um bom roteiro fecha criando uma ligação com o inicio. Pondo isso em pratica vou começar falando sobre um outro jogo, Starcraft 2, lançado há uns bons anos atrás. Na época ele chegou aqui sendo vendido por uns trinta reais. Comentei no meu face sobre essa questão e como esse seria um valor interessante para uma industria que sofria o "prejuízo anual de milhões de dólares por causa da pirataria". A questão no caso era que o preço cobrado pelo produto original era muitas vezes de cem a até mais de duzentos reais. Óbvio que iria se procurar pagar dez reais no camelô piratão. Porém se houvesse um preço acessível, quem não iria preferir pagar pelo original e suas vantagens?
Teve quem discordasse de mim e disseram que "não é bem assim, que existem custos e etc..." Mas a netflix chegou ai para mostrar que eu não apenas estava certo como ainda pensei pequeno, porque com os mesmos trinta reais você tem por um mês um catalogo imenso de filmes e series. E agora não apenas eles oferecem produções como também produzem e produzem bem, bastante, com (pelo menos alguma) qualidade.
E produzir com qualidade, é o diferencial de qualquer bom negocio. No mundo dos games isso não é diferente. Mas lembrando que, qualidade em artes, não significa custos elevados. E sim aquilo que te prende, faz refletir, te faz se emocionar, deslumbrar. Te toca de alguma forma. E um jogo que tem boa parte dessas qualidades para mim é Warframe.
Antes que venham criticar (embora não vejo problema nenhum em criticarem) deixo claro que o intuito do blog não mudou. Continua sendo um blog de artes. Não tenho a intenção de promover o jogo, nem incentivar a jogarem. Ao menos não diretamente. Também não terei lucro nenhum com esse jogo. Tanto que não tem link nenhum para ele nesse post.
Falo dele aqui pelo mesmo motivo de sempre: Para mim ele é arte.
Saturno, visto do terminal para Urano.
Peguei o jogo para experimentar e me apaixonei, me viciei, na hora. Desconsiderando a jogabilidade, o universo gigante (só de recursos para construção de itens são mais de cem. Sem considerar os itens que precisam serem modificados para virarem outra coisa), a mecânica do jogo e etc... O jogo exibe uma qualidade artística que poucas vezes eu vi em qualquer lugar. Os mapas são muito bem elaborados na construção da cultura das diferentes sociedades (facções, para os jogadores de Warframe). Destaco para os mapas "abertos" de Orbe Vallis (Fortuna) e Planície de Eidolon (Cetus). Essa ultima é simplesmente linda. A beleza que os designers do jogo criaram para a iluminação natural de fim de tarde e amanhecer é impressionante. O relevo desses lugares parecem reais, não apenas falo da qualidade gráfica, mas a forma acidentada nos dá a impressão de que realmente estamos correndo por
montanhas e morros rochosos. Não faço ideia de como eles conseguiram reproduzir isso, mas impressiona.
Base Grinner
Mesmo os mapas "fechados" (somente acessados para missões pré determinadas) possuem sua beleza as vezes de forma assombrosa. Destaco os mapas nas missões no void, onde a facção dominante é a Orokin. Cuja a ideia beira algo celestial e puro. Eles são a "aristocracia" do jogo. Os Grineers com sua arquitetura pesada, muito ferro em formas simples, dão a ideia de uma cultura completamente bélica. A corpus são algo mais sci-fi, com robôs para todo lado e decoração mais organizada e logica. Muitas linhas retas ao invés das curvas dos Grinners
Sob ataque dos Corpus
Isso sem mencionar os Sindicatos cuja a sala sede nos Realys (áreas neutras de encontros de jogadores para conhecerem outros jogadores, negociar itens, etc...) ao abrirem as portas, te faz sentir como se estivesse atravessando um portal para outro mundo.
Mas Warframe não é apenas gráficos, decoração e arquitetura. É também música.
Muita musica. E musica muito boa. Cujo o principal compositor foi Keith Power, responsável por composições em Vingadores: A era de Ultron, Thor 2, Homem de ferro 2, filmes da franquia velozes e furiosos e premonição, além de séries e filmes para televisão. Power jundo com George Spanos (Chefe do departamento de som) criaram (e criam) músicas e sons icônicos, que marcam o jogador sem ele perceber.
Quando soa a música, ele sabe de onde é (e o que é).
Posto algumas aqui, algumas das minhas favoritas, para que possam apreciar a beleza do trabalho de Powers.
Fim de tarde na planície de Eidolon
Warframe possui uma qualidade e dimensões cinematográfica, como diz meu irmão, um aficionado por jogos. Mais até. Porque um filme é um trabalho fechado e um jogo como Warframe é em contínua expansão. Sempre há novas atualizações e novos lugares e novas musicas a serem adicionadas no jogo. Tornando a diversão e entretenimento sem fim.
Como disse alguém outro dia no chat quando um novato perguntou se o jogo era muito grande:
"- É infinito."
( O cara desistiu de jogar....)
Warframe, apesar de já estar assoprando seis velinhas no seu bolo esse ano, é um jogo desconhecido da maioria das pessoas. Meu filho, gamer amador, não o conhecia (meu irmão sim. Ele jogou la no inicio em 2013...). Imagino que se deva por um detalhe da ideia na dinâmica e mecânica do jogo: ele não é competitivo, é cooperativo. Os jogadores não duelam entre si, trabalham juntos para completar as missões mais difíceis (embora você possa jogar sozinho. Eu prefiro assim). De modo que para mim isso o que atrapalhou a promoção do jogo.
Somos uma raça competitiva, gostamos de nos mostrar melhor que os outros, ao invés de dar auxilio mutuo para crescermos juntos.
Acho que Warframe mostra que temos muito que evoluir ainda...
Base Orokin
Então vamos a lista: o jogo te prende; faz refletir; faz se emocionar (raiva quando perde é emoção também...hehehe), por vezes te deslumbra....
Você se diverte, faz amigos (e se diverte junto com os amigos), faz parkour com ninjas assassinos com superpoderes num futuro distante (isso mesmo que você leu. Tem tudo isso no jogo), larga prego com armas de todo tipo (e falo de todo tipo mesmo, porque como é no futuro, armas de som e biológicas é coisa boba) além de ser desafiante no melhor estilo dos antigos jogos clássicos de 8 e 16 bits.
Quanto você pagaria por isso?
Cem reais?
Tá caro.
80?
Caro.
Os 30 do Starcraft 2?
Caro, mano...
1 merreu?
pfff....
O jogo é de graça.
Basta você ir no site ou pegar pela Steam, que foi onde eu encontrei: Em jogos gratuitos.
Isso mesmo que você está lendo. Um jogo com gráficos belíssimos, jogabilidade impressionante, uma mecânica infinita, produção cinematográfica atualizada constantemente e que não te cobra NADA para você ter.
Entendeu agora porque cobrar duzentos reais e sofrer com pirataria é burrice?
O mais interessante sobre elas é a imersão que elas trazem no jogo, nos fazendo sentir ainda mais dentro da cena. Recomendo até a jogadores que ouçam as músicas para sentirem a diferença que faz ouvir sem estar naquele momento em que elas invariavelmente tocam.
"Thema de Login (até o momento) - Keith Powers"
"March of Moa" - Keith Powers
(sinonimo de treta)
"Corpus Greed - Keith Powers"
"Cetus" - Keith Power
Atenção!! Spoil a Frente!!
O próximo vídeo é a apresentação de Fortuna. Se você pretende jogar e como eu não gosta de spoils sobre NADA, não assista o vídeo.
"We All Lift Together" - Keith Power
(Quando eu vi esse "mini musical" no meio de um jogo de ação, eu viajei. E o pior é quem tudo a ver com a sequencia de missões que você desempenha a seguir.)
"Cold: the air and water flowing. Hard: the land we call our home. Push to keep the dark from coming, Feel the weight of what we owe. This: the song of sons and daughters, Hide the heart of who we are. Making peace to build our future, Strong, united, working 'till we fall. Cold: the air and water flowing. Hard: the land we call our home. Push to keep the dark from coming, Feel the weight of what we owe. This: the song of sons and daughters, Hide the heart of who we are. Making peace to build our future, Strong, united, working 'till we fall. And we all lift, and we're all adrift together, together. Through the cold mist, 'till we're lifeless together, together."
Olha a pose do rapaz...
Orbe Valis, em Venus
Orbe Valis, no mesmo lugar da imagem anterior num horário do dia diferente
Depois os canais sobre o jogo no you tube:
Porongo
Mozetas
warframe brasil
Dica pessoal minha de quem vai se aventurar no jogo: no inicio você tem q escolher entre 3 warframes, cada um com poderes diferentes. Conheça-os bem antes de jogar para não se arrepender com o estilo de luta do escolhido. Nos canais mostram como é o estilo de jogo de cada um.
A Música da Semana dessa semana me chegou por acaso um dia através da escolha aleatória do spotfy. Foi uma surpresa inesperada e muito apreciada. A musicalidade te pega logo de cara. É aquele tipo de musica gostosa de se ouvir enquanto varre a casa...heheheh
Mas a letra também tem uma ideia bem legal, romantica e até seria meio piegas se não fosse o ritmo mais alegre e descontraido da composição. Canção da dupla Capital Cities (outra dupla eletronica), entrou imediatamente para a minha play list de musicas para toda hora. Para trabalhar, viajar, tocar em festa, exercitar...
E também para dar uma animada na semana.
(Apesar de ser um clipe bem legal e contribuir positivamente, recomendo que apenas ouçam antes para sentir a sonoridade da musica sem a influencia visual)
Volto com a Versões Musicais com duas músicas cujas as versões cover ficaram mais famosas do que na voz dos seus interpretes originais.
E olha que os originais não são pouca coisa não: Elvis e Bob Dylan.
Ambos possuem uma música que não eram tããão conhecidas até que alguém meteu a mão nelas e as regravaram.
No caso de Bob Dylan, a música foi regravada por (pelo menos) Cher, Neil Diamond, The Byrds, The Isley Brotherse e Ministry. Mas a Versão que eu quero trazer é a feita pelo Duran Duran a música "Lay, lady, lay"
Já a outra canção de Elvis é tão conhecida na voz dos Pet Shop Boys (tem uma postagem que fala um pouco deles aqui), que eu quando novo, nem acreditei que era do Elvis...heheheh
Seguem ai as originais e suas respectivas versões.
Ainda me lembro da primeira vez que pus os olhos em Blade Runner. Era uma noite de segunda-feira provavelmente e ele passava na Globo. Eu era bem criança e não pude ver até o final, tinha que dormir cedo. Mas lembro de ter ficado muito curioso em ver o resto do filme. Aquela abertura de uma "cidade industria" era inquietante, instigante. Lembro do meu pai comentar algo sobre o futuro sinistro que ela antecipava. E, durante anos, eu fiquei sem ver o filme já que só chegava atrasado no canal em que estava passando e detesto ver filme pela metade. Ver filme já "começado" é que nem spoil para mim.
Estraga tudo.
Só fui ver completo nos meados dos anos 2000 quando a "versão do diretor" passou a se tornar a versão oficial e para tudo que é lado na internet você encontrava ela, mas nunca a versão original. De modo que, foi essa que eu vi. Gostei muito, mas...
Como disse um professor de desenho e cinéfilo fã do filme: "Esquece a versão do diretor. Esquece... Isso não é Blade Runner. Isso é muito ruim."
(E é mesmo)
Meses depois, aguçado pela curiosidade que o professor me deixou, já que ao debater sobre qual era a melhor versão, usei os argumentos que a gente ouve por ai hoje em dia: "Não fez sucesso", "Foi um fracasso", "O final era muito tolo e incoerente", etc...; Mas ele foi definitivo comigo: "Tá tudo errado. Todo mundo gostou do filme. Eu estava lá, você não."
Cocei minha cabeça e segui em busca da verdade (ou da minha verdade). Precisa ver o original e tirar minhas próprias conclusões. Meses depois comprei um box com todas as versões além de um DVD de extras sobre a produção do filme (nunca ouvi falar de um making off de um filme tão detalhado). O filme possui nada mais nada menos do que 4 versões: A versão original, a versão internacional (não vejo muita diferença entre as duas), a versão do diretor e a versão Final.
Sentei o DVD no meu PC e fui assistir.
Não tem comparação.
A "metida de dedo" dos donos da produtora na versão original fez toda a diferença. E na boa, a verdade é que esse filme foi uma cagada atrás da outra. O roteiro era completamente diferente (nem o nome era esse), troca roteirista, diretor não sabe o que quer da vida, pós produção desnecessariamente longa com montagens e montagens entre o diretor e o editor tentando definir o filme (por isso que tem a versão do diretor e a final. Essas devem ser apenas algumas das versões que eles criaram)... Meterem a mão para fazer o filme ser lançado foi a melhor coisa que poderia ter acontecido ao filme que dezenas de vezes esteve ameaçado de nunca ser concluído por diferentes problemas. Está tudo nos extras do box, mas não é bem sobre os erros que eu vim falar, mas sobre os acertos.
Ridley Scott (Gladiador, Falcão Negro em Perigo, A Lenda, Chuva negra, Alien, etc...) sempre me pareceu ter uma certa dificuldade com a narrativa. Em "contar a estoria" para o espectador, faze-lo entender o que se passa no contexto geral da estoria que estamos assistindo. Porém, ele que começou como diretor de arte, sabe dominar a mise-en-scène de forma espetacular e até única. Vejo em Blade Runner essa sua habilidade em sua melhor forma. O design, os materiais, o uso de câmera, lentes, criam uma ambientação realmente fantástica dando a cada cena algo de "memorável". É difícil você confundir alguma cena de Blade Runner com outro filme de tão únicas que elas soam aos olhos. Ângulos e cores, associados a cenografia, fazem de cada tomada um deleite para os olhos dos amantes da sétima arte.
Syd Mead foi o principal ilustrador da arte conceitual de Blade Runner. Se inspirando nas artes de ilustradores de revistas como Heavy Metal, criou no papel a maior parte do que vemos em cena. Imaginando desde objeto até a cenários, o que o fez cair nas graças de Scott e juntos bolaram alguns dos principais conceitos sobre futuros sombrios cyberpunk cinematográficos utilizados como referencia até hoje. Ainda se usa a expressão "tipo Blade Runner" para exemplificar algo tamanha é sua influencia.
Não me pergunte o que é aquilo no fundo do copo. Prefiro não saber...
A cenografia e figurinos são na maior parte do tempo incríveis, porém em outras meio apagadas. Mas acho que a ideia de Scott era mesmo essa. Criar diferentes ambientes no futuro confuso de BR, onde uma hora você está em um grande apartamento intimista e em outra numa feira no Marrocos. Ou num prédio antigo, sujo e mal conservado.
Os efeitos especiais são muito interessantes em sua técnica e que, em sua maior parte, funcionam bem até hoje (exceto a cena da replicante morrendo na rua. Essa não funcionaria nem no cinema mudo) criando um estilo visual próprio.
As atuações são na maioria aceitáveis. Não gosto muito de Harison Ford em papeis mais sérios e não acho que ele tenha sido uma boa escolha para interpretar Rick Deckard, o caçador de androides. Está bem sofrível na narrativa do filme, mas como isso foi uma das coisas que entraram meses depois da pós produção e ele já estava de saco cheio daquele projeto, isso também deve ter pesado na hora de interpretar. Sean Young (Rachael) também deixa a desejar ao meu ver. Não há nenhum momento de grande atuação da parte dela; o mesmo para Daryl Hannah (Pris). Mas quem eu acho que trouxe vida ao personagem e até ao filme foi Rutger Hauer (Roy Batty). Dando uma interpretação ao seu personagem que brinca entre um frio homicida, uma indefesa criança e um romântico amante sem soar exagerado ou incoerente. Além disso, a cena de "lagrimas na chuva" é uma invenção dele. Ele criou aquela fala numa das sessões de leitura do roteiro. Que para mim é a cena que vale o ingresso.
Blade Runner é uma ficção cientifica, mas é também um filme noir, um bom filme noir. Tem todos os elementos que compõem um filme do estilo: Uma estória aparentemente simples mas com desdobramentos, personagens principais de natureza conflitante, uma "femme fatale" (na verdade, mais de uma), uma narrativa sombria. Narrativa alias que não está nas versões posteriores, mas que é algo que traz uma nova dimensão ao filme, e por vezes até amplia o mundo de Blade Runner ou seu personagem principal. Infelizmente em outros momentos acho que deixa a desejar. Se tornam falas de linha muito insossa. Parecem escritas por redator de obituário. O roteiro ( da versão que foi aos cinemas) é algo lindo de se analisar. Como sempre digo, as melhores ficções cientificas são pretextos para falar de alguma particularidade da condição humana. E em BR nós falamos sobre a existência do homem como individuo: Ela acaba.
A vida acaba.
A todo momento o roteiro nos fala disso.
Quem nós somos?
O que nos define?
Mas principalmente: Quando o que nós somos irá findar e como podemos evitar isso?
Se analisarmos a estória, veremos que os replicantes (androides) nada mais são do que a personificação de nós mesmos, de uma maneira mais crua e objetiva. "Mais humanos que humanos". E a mensagem que ele deixa, pelo menos para mim é que não podemos nos agarrar a isso. Não podemos deixar que a ideia de que nossas baterias um dia irão acabar se torne uma obsessão. Se não passaremos a vida preocupados com o dia que era acabará e ela então acaba, e nós a desperdiçamos tentando impedir ou adiar o inevitável.
Filme sempre recomendado aqui no blog.
(Sobre a trilha sonora eu já comentei nesse post:)
As vezes tenho a impressão que já vi algumas fontes e logo em outro lugar...
Eu não sei se é mais engraçado, hipnótico ou perturbador...
"All those moments will be lost in time... like tears in rain.